Sombras de um Crime
O detetive Phillip Marlowe se envolve em uma investigação com uma família rica em Bay City, Califórnia, depois que uma mulher misteriosa o contrata para encontrar seu ex-amante.
Análise de “Sombras de um Crime”
“Sombras de Um Crime” é um tributo audacioso ao film noir, tentando casar a estética clássica da era dourada de Hollywood com uma interpretação contemporânea. Ao rejeitar as sombras e o preto e branco, o cineasta Neil Jordan e o diretor de fotografia Xavi Giménez escolhem uma paleta de cores estouradas que realça tanto o luxo quanto o entulho. É uma tentativa de demonstrar que, no atual cenário de capitalismo tardio, a decadência se manifesta na opulência.
O filme se envolve com a ideia tradicional de femme fatale, apresentando Diane Kruger como Clare Cavendish, que, ao invés de ser uma personagem arquetípica, é retratada de forma cínica e metatextual. O roteiro satiriza sua futilidade ao invés de explorá-la como um comentário sobre as falhas humanas. Esse cinismo é estendido à ambientação do filme. Ao mover os eventos do cenário sombrio e depauperado da Grande Depressão para os ambientes luxuosos de Hollywood, o filme descortina a superficialidade que muitas vezes caracteriza o noir.
Entretanto, enquanto “Sombras de Um Crime” é indiscutivelmente elegante e astuto, falha em estabelecer uma conexão genuína com seu público. O enredo parece mais uma demonstração conceitual do que uma narrativa envolvente. Há uma sensação inegável de que o filme está muito ciente de sua própria astúcia, fazendo dele uma “piada interna” da qual a plateia não é totalmente convidada a participar. Enquanto tecnicamente impressionante e admirável em sua tentativa de redefinir o gênero, o filme corre o risco de se tornar inacessível para muitos.