Asterix e Obelix no Reino do Meio
A única filha do imperador chinês Han Xuandi, escapa de um príncipe rigoroso e procura ajuda dos gauleses e dos dois bravos guerreiros Asterix e Obelix.
Análise de “Asterix e Obelix no Reino do Meio”
A nova incursão no mundo do live-action de um duo clássico dos quadrinhos chega aos cinemas buscando respirar frescor em uma franquia que tem estado nas sombras de seus gloriosos antecessores. O desafio era duplo: substituir um ator icônico e aventurar-se em um enredo inédito, desvinculado dos quadrinhos originais. A expectativa criada em torno dessas mudanças, no entanto, se revela frustrada, pois o que temos é uma tentativa que, embora nobre em sua intenção, falha em capturar o espírito astuto e engenhoso que definiu os personagens por gerações.
Embora o afastamento do ator veterano possa ser compreendido, e até mesmo a busca por uma nova história possa ser vista como uma tentativa de revitalizar a série, a execução deixa a desejar. O que se desenrola na tela é uma aventura que parece ter se perdido na tradução de sua essência para o audiovisual, trocando a oportunidade de explorar ricas veias de humor inteligente e crítica social por uma narrativa que se contenta com o raso e, frequentemente, recorre ao humor fácil e previsível.
As atuações, mesmo com um elenco estelar, não conseguem elevar o material dado. Há esforço visível, mas a magia não acontece, o carisma dos personagens não transborda na tela. A direção, que poderia ser o elemento de ligação, acaba por ser apenas funcional, deixando de lado a química vital entre os protagonistas e apresentando uma jornada cuja trajetória é tão desprovida de substância quanto as sequências de ação são de emoção.
É uma pena que a viagem do Ocidente ao Oriente se sinta menos como uma exploração e mais como uma obrigação desinspirada, onde até as sequências de luta parecem não ter o impacto ou a intensidade necessária para prender a atenção do espectador. A repetição de gags e o ritmo irregular apenas acrescentam à sensação de que o filme não atinge o potencial que sua produção promete.
No entanto, não é tudo sombrio. A direção de arte merece um aceno de aprovação, entregando um visual que faz jus ao tom cartunesco e extravagante das fontes materiais. Os efeitos visuais, embora não revolucionários, servem bem ao propósito e há momentos, como a origin story animada, que brilham como oásis de inspiração em um deserto de criatividade. Ainda assim, estes poucos pontos altos não são suficientes para salvar a película de ser classificada como uma oportunidade perdida, onde o legado de uma série amada merecia um destino muito mais heroico e imaginativo.