O Cheiro do Ouro
Determinado a mudar a situação ingrata que enfrenta no trabalho, um homem planeja contrabandear perfumes de luxo bem debaixo do nariz dos donos da empresa.
Análise de “O Cheiro do Ouro”
O filme “O Cheiro do Ouro”, agora em cartaz na Netflix, traz uma premissa que não é estranha aos aficionados por cinema: um azarão de uma pequena cidade dominada por uma poderosa família planeja um audacioso golpe para revidar as humilhações sofridas ao longo dos anos. Reunindo uma equipe de desajustados, o protagonista se propõe a usurpar a família opressora em uma narrativa clássica de comédia e trapaça que, apesar de não ser inovadora, entrega um entretenimento sólido para relaxar após um longo dia.
Sob a direção e roteiro de Jérémie Rozan, a produção faz uma escolha ousada ao apresentar seu protagonista, Sauveur. Longe de ser um modelo de carisma, ele é apresentado como um personagem presunçoso e arrogante, uma escolha que pode desafiar a empatia do público. Raphaël Quenard, que dá vida a Sauveur, mergulha em uma atuação que destaca-se mais pela expressividade física do que pelo carisma, correndo o risco de não conseguir conquistar plenamente a audiência. Seu antagonista, interpretado por Antoine Gouy, oferece um contraste deliberado ao protagonista, o que adiciona uma dimensão intrigante à história.
No entanto, “O Cheiro do Ouro” peca no desenvolvimento de suas camadas. A obra falha em aprofundar-se nas nuances de seus personagens e na complexidade de seu mundo, deixando a desejar em termos de detalhamento e construção de background. O prólogo do filme é insuficiente para nos investir na motivação do protagonista, o interesse romântico é superficial, e o amigo do protagonista não consegue uma presença cômica nem uma história própria. O foco do filme recai sobre os golpes planejados, que, embora centrais, deixam escapar a oportunidade de uma exploração mais rica e detalhada do universo em que se passa a trama.