Dezesseis Facadas
Trinta e cinco anos após o chocante assassinato de três adolescentes, o infame “Sweet Sixteen Killer” retorna na noite de Halloween para fazer uma quarta vítima. Jamie, de dezessete anos, ignora o aviso de sua mãe superprotetora e fica cara a cara com o maníaco mascarado e, fugindo para salvar sua vida, acidentalmente viaja no tempo de volta para 1987, o ano do assassinatos originais. Forçada a navegar na cultura desconhecida e ultrajante dos anos 1980, Jamie se une a sua mãe adolescente para derrubar o assassino de uma vez por todas, antes que ela fique presa no passado para sempre.
Análise de “Dezesseis Facadas”
Ao adentrar a esfera do terror cômico que tem dominado o panorama audiovisual recente, o filme “Dezesseis Facadas” de Nahnatchka Khan tenta entrelaçar os traços do “terrir” com nuances de ficção científica, numa abordagem instigante, mas que, infelizmente, não se descola de formulações anteriores no gênero.
Khan nos introduz a um universo repleto de ecos de clássicos do terror, desde “Halloween” até “Pânico”, ambientado na trágica cidade de Vernon. O contexto sombrio dos anos 1980, marcado por homicídios brutais por um assassino mascarado, é ressuscitado décadas depois para aterrorizar a cidade novamente. E aqui, o filme nos leva em uma montanha-russa de tempo e espaço, com a protagonista Jamie, interpretada de forma eficaz pela talentosa Kiernan Shipka, mergulhando no passado na tentativa de alterar um futuro sangrento.
No entanto, o que mais me chamou a atenção foi a dicotomia da construção da personagem Pam. Olivia Holt entrega uma performance dúbia, alternando entre uma versão mais jovem “mean girl” e uma mãe superprotetora traumatizada. E, apesar das atuações destacadas, a narrativa tropeça na sua própria audácia, frequentemente escondendo-se atrás de referências de culto, quando poderia ter trilhado um caminho mais original.
“Dezesseis Facadas” também flerta exaustivamente com a ficção científica, evocando, muitas vezes de forma cansativa, o clássico “De Volta para o Futuro”. Este poderia ser seu calcanhar de Aquiles, tornando-se uma mistura estilística caótica. No entanto, contra todas as probabilidades, Khan entrega um produto final decente, ainda que não inovador.
Em resumo, “Dezesseis Facadas” nos oferece uma viagem divertida, repleta de reviravoltas e elementos metalinguísticos, mas que poderia ter se beneficiado de uma dose extra de ousadia em seu roteiro. É um filme para quem deseja um passeio sangrento sem grandes pretensões e, nesse sentido, cumpre seu papel.