O Próprio Enterro
Inspirado em eventos reais, quando um acordo dá errado, o dono da funerária Jeremiah O’Keefe (vencedor do Oscar® Tommy Lee Jones) contrata o advogado Willie E. Gary (vencedor do Oscar® Jamie Foxx) para salvar o negócio de sua família. Os ânimos explodem e o riso surge quando o vínculo dos dois expõe a corrupção corporativa e a injustiça racial nessa história inspiradora e triunfante.
Análise de “O Próprio Enterro”
No Festival de Toronto de 2023, Maggie Betts apresenta sua mais recente obra, “O Próprio Enterro”, um drama de tribunal que habilmente tece comédia dentro de um enredo que poderia facilmente inclinar-se para o grave e o sério. Estrelado pela dinâmica dupla Jamie Foxx e Tommy Lee Jones, o filme é um vibrante estudo de contraste e convergência, onde risos e realidades sociais colidem.
Jamie Foxx brilha como Willy E. Gray, um advogado cuja fama e carisma são tão grandes quanto suas roupas extravagantes e seu sotaque marcante. O ritmo rápido de suas piadas, muitas vezes entregues em cenas caóticas que lembram uma esquete de variedades, cria uma atmosfera energética que é a marca registrada do filme. No entanto, é essa mesma energia que, às vezes, dispersa o roteiro de Doug Wright e Betts, fazendo com que a narrativa vacile entre o julgamento central e as histórias individuais dos personagens.
Tommy Lee Jones, o bastião do legado e da experiência, oferece uma atuação contida, mas poderosa, que ancora o filme sempre que a balança ameaça pender para o excesso. A combinação de seu olhar fatigado e a presença comedida contrasta magnificamente com a efervescência de Foxx, criando uma química que é tanto improvável quanto completamente cativante.
“O Próprio Enterro” é, acima de tudo, um comentário sobre questões raciais, mas opta por abordar este tema com uma sutileza que, embora eficaz, pode deixar o espectador desejando uma exploração mais direta e robusta. A maneira como o filme navega pela exploração corporativa e sua influência é igualmente cautelosa, preferindo insinuar em vez de acusar.
O filme ganha vida e energia através do humor. A comédia é a chave que não apenas desbloqueia o potencial da narrativa, mas também destila as questões sociais em algo digestível e divertido, evitando o peso dos discursos políticos que muitas vezes podem parecer pesados e deslocados.
“O Próprio Enterro” não é apenas um drama de tribunal com toques de comédia, é um estudo de como a irreverência e o riso podem ser ferramentas poderosas para enfrentar e desarmar as realidades da injustiça racial e da ganância corporativa. É um filme que não tem medo de rir de si mesmo, mesmo quando está cercado pelas sombras da realidade, e é essa habilidade de equilibrar luz e sombra que o torna um exemplar singular e digno de atenção no seu gênero.