O filme em questão proporciona uma experiência cativante e repleta de humor, conseguindo tecer críticas sociais afiadas ao patriarcado sul-asiático e aos tradicionalismos sem cair no didatismo. A narrativa, ambientada no Reino Unido, acerta ao retratar uma diversidade de perspectivas muçulmanas, desafiando o estereótipo de que a religiosidade é monolítica, e sublinha com sucesso a existência de muçulmanos seculares. As performances são competentes, com diálogos bem entregues e sequências de ação impressionantes.
Embora tenha havido reclamações sobre a representação de uma família muçulmana sem adesão estrita às tradições islâmicas, o filme reflete com autenticidade uma faceta da comunidade muçulmana que é menos visível, mas não menos real. A família de Ria e Lena, por exemplo, é apresentada como progressista, em contraste com a de Salim, cuja riqueza não impede a preservação de ideias conservadoras. Este contraste serve para comentar a relação dos sul-asiáticos com certas profissões e expectativas de gênero, assim como a hipocrisia que pode existir dentro de qualquer comunidade.
O filme também explora a relação entre irmãs e o poder do amor fraternal. A jornada de Ria, em que ela espiã e protege sua irmã, é intensa e emocionalmente verdadeira. A atuação é intencionalmente exagerada, refletindo a paixão e o dramatismo inerentes à adolescência. Esta escolha estilística contribui para o tom exuberante da obra, que mantém o espectador engajado do início ao fim.
Em suma, este filme é uma recomendação sólida para aqueles que apreciam comédias de ação com uma pitada de comentário social, especialmente se tiverem familiaridade com a diáspora sul-asiática no Reino Unido. O “fillum” é uma celebração do humor e da ação, sem se prender a uma violência gráfica, e é um retrato acertado de uma comunidade que é simultaneamente britânica e sul-asiática.