Cemitério Maldito: A Origem
Em 1969, o jovem Jud Crandall sonha em deixar para trás sua cidade natal, Ludlow, mas logo descobre segredos sinistros no local. Ele é forçado a enfrentar a sombria história de sua família, que o manterá para sempre conectado à cidadezinha.
Análise de “Cemitério Maldito: A Origem”
A saga “Cemitério Maldito”, desde sua adaptação inicial em 1989, provou ser um conto sombrio que conquistou corações, mesclando elementos como crianças assassinas, gatos assustadores, mitologia indígena e figuras perturbadoras escondidas no porão. Era evidente que um sucesso desses exigiria mais de Hollywood. Embora a sequência não tenha alcançado o apogeu de bilheteria esperado, a chama da história original não se apagou.
Em 2019, vimos um remake que, com suas nuances e reinterpretações, tentou manter a essência do que Stephen King imaginara. E agora, em 2023, temos a apresentação do prequel “Cemitério Maldito: A Origem”, na era onde sequências, refilmagens e spin-offs são a ordem do dia. Sendo direto para streaming e sob a direção de Lindsey Anderson Beer, as expectativas eram altas.
A trama, ambientada em 1969 e utilizando a Guerra do Vietnã como contexto, escolheu focar em Judson Crandall. Aqueles que se recordam do filme original reconhecerão Crandall como o idoso vizinho. Aqui, ele é retratado em sua juventude, junto com seu amigo, Timmy Baterman, e o doloroso retorno deste da guerra. Há um inegável desvio da continuidade original, quando comparado ao conto que Judson narra no filme de 1989, o que pode frustrar os fãs mais puristas.
Uma crítica notável ao filme é a abordagem dispersa de personagens. Enquanto os filmes anteriores se concentravam na dinâmica familiar, “A Origem” apresenta um elenco expandido, muitos dos quais parecem estar lá sem um propósito claro. Este é o caso de Norma e Bill Baterman. Especialmente Bill, interpretado por David Duchovny, cuja trajetória poderia ter sido uma reflexão profunda sobre o luto, mas que acabou sendo negligenciada.
A grande questão do filme é a origem do famigerado cemitério. E enquanto ele tenta entregar isso, a revelação carece de profundidade e emoção, tornando-se mais um momento convencional em uma narrativa já saturada. Técnica e narrativamente, o filme luta para encontrar sua identidade. Personagens mal desenvolvidos, diálogos expositivos excessivos e a abundância de flashbacks confusos prejudicam o fluxo da trama. Além disso, a edição desordenada e a iluminação insuficiente em várias cenas obscurecem, literalmente, a experiência.
Em resumo, “Cemitério Maldito: A Origem” prometia mergulhar nas raízes sombrias de uma história amada, mas acabou se perdendo em seu próprio labirinto narrativo. Um potencial não realizado que, espero, sirva de lição para futuras tentativas de revisitar clássicos.