Era uma Vez uma Estrela
Em 1970, uma trupe de cinema itinerante encara obstáculos em suas viagens pela Tailândia para entreter plateias sedentas por filmes com dublagem ao vivo.
Análise de “Era uma Vez uma Estrela”
“Era uma Vez uma Estrela”, a nova oferta da Netflix, é uma cápsula do tempo cinematográfica que nos transporta para a era dourada das trupes itinerantes dos anos 60, que dublavam filmes ao vivo para comunidades distantes. A tecnologia avança implacavelmente, deixando em seu rastro uma nostalgia pungente, um sentimento universalmente humano, especialmente quando se trata de cultura. E é nesse espaço de transição que o filme de Ek Lemchuen firma suas raízes.
O roteiro é uma homenagem lírica ao passado, um tributo a uma era de cinema que resistiu ao esquecimento. Para aqueles de nós cuja infância foi colorida pelas telas improvisadas ao ar livre, o filme é um convite para revisitar aquelas memórias queridas. Lemchuen captura a essência de um período onde o cinema era tanto uma arte quanto um veículo de cultura para os cantos mais negligenciados pela máquina estatal.
O filme, no entanto, se arrasta sob o peso de seu próprio culturalismo. Embora a premissa seja envolvente, o enredo se desenrola com uma lentidão que por vezes beira o tédio. A inevitabilidade da mudança é tecida na narrativa desde o início, uma mensagem que ressoa ao longo do filme: a era da dublagem ao vivo está chegando ao fim, cedendo lugar à televisão e às gravações.
As relações entre os personagens são complexas e densas, oferecendo momentos de introspecção genuína, embora a interação entre eles por vezes pareça incompleta, como se houvesse uma peça faltando no quebra-cabeça emocional.
Os personagens são vibrantes e distintos, exagerados ao ponto de se tornarem caricaturas, mas sempre ancorados por uma ambientação autêntica e uma representação fiel da localidade. “Era uma Vez uma Estrela” se estabelece como um filme ideal para os dias de folga, oferecendo aos espectadores uma pausa para refletir sobre as mudanças da vida, sobre o que perdemos e o que ganhamos com o avanço do tempo e da tecnologia.
Em resumo, o filme é uma experiência cinematográfica que evoca um tempo de simplicidade e comunidade, apesar de seu ritmo contemplativo. Para aqueles que buscam uma viagem ao passado repleta de saudosismo e reflexão, “Era uma Vez uma Estrela” é uma adição valiosa à coleção de filmes que celebram a arte do cinema na sua forma mais pura e comunitária.