Lírios d’água
Subúrbio de Paris, durante o verão. Marie (Paulien Acquart), Anne (Louisse Blachère) e Floriane (Adele Haenel) são amigas e têm 15 anos. Elas praticam nado sincronizado e, enquanto convivem pelos corredores e vestiários da academia, começam a ter os primeiros sentimentos de desejo, amor e violência.
Análise de “Lírios d’água”
O filme em questão aborda a vida de três jovens que gravitam em torno de uma piscina local, onde o nado sincronizado é a atividade predominante. A trama se concentra principalmente em Marie, uma das garotas, que se encontra constantemente na sombra de Floriane, a capitã do time juvenil, que é conhecida por seus múltiplos relacionamentos com rapazes da escola. No entanto, a dinâmica entre as personagens se mostra complexa, explorando temas como descobertas amorosas, a paixão pelo esporte e a crescente distância entre Marie e sua melhor amiga, Anne, enquanto ela busca se aproximar de Floriane.
No entanto, o filme sofre de algumas falhas notáveis. Seu ritmo é excessivamente arrastado, muitas vezes prolongando cenas que carecem de substância narrativa para preencher o tempo. Além disso, a atriz que assume o papel de Marie apresenta uma gama limitada de expressões faciais, o que torna difícil para o público se relacionar verdadeiramente com sua personagem. A falta de profundidade emocional de Marie cria uma barreira que impede que os espectadores se envolvam completamente na história.
Apesar dessas deficiências, o filme ainda consegue entregar momentos de beleza e confronto entre as personagens. A determinação de Marie em perseguir seus desejos, mesmo que isso signifique afastar-se de Anne e enfrentar as provocações de Floriane, é palpável e compreensível. A conexão entre afeto, desejo e a simbologia da água é explorada com uma delicadeza poética, resultando em imagens visualmente impactantes. Essa é uma característica que também pode ser vista nos outros trabalhos da diretora Céline Sciamma, que alcançou um alto padrão de qualidade estética em obras como “Retrato de Uma Jovem em Chamas”.
No entanto, mesmo com esses elementos positivos, o filme deixa a sensação de que poderia ter alcançado um equilíbrio mais sólido entre a narrativa e a estética. A falta de coesão e envolvimento mais profundo com os personagens é uma questão que prejudica a experiência do espectador. Nesse sentido, aguardamos ansiosamente o próximo projeto de Céline Sciamma, “Petite Maman”, com a esperança de que ela possa aprimorar a conexão emocional e a coesão narrativa, proporcionando uma experiência mais completa para o público brasileiro assim que a data de lançamento for anunciada.