Nimona
Um cavaleiro acusado de um crime terrível recorre a uma adolescente que muda de forma para provar sua inocência. Mas e se ela for o monstro que ele jurou destruir?
Análise de “Nimona”
O filme em questão revela-se como uma experiência cinematográfica impactante, com uma animação de alto calibre e uma narrativa convincente, ainda que o desenvolvimento da trama se apresente um tanto acelerado.
A controvérsia que surge a partir de uma cena de afeto entre dois homens parece-me desproporcional e anacrônica. Há longa data, o cinema infantil incorpora o romance em suas tramas, inclusive normalizando atos problemáticos como beijos não consensuais em clássicos como “A Bela Adormecida”. Portanto, a crítica ao beijo representado no filme não encontra fundamento coerente, exceto se vista sob a lente da homofobia. A inclusão de relações LGBTQ+ em filmes infantis não é uma questão de influenciar escolhas amorosas das crianças, mas sim de representar o amor, o carinho e o respeito presentes em todos os tipos de relacionamentos amorosos.
Além disso, a protagonista do filme, Nimona, é uma metamorfa, o que tem suscitado debates sobre identidade de gênero. Como educadora, afirmo que esta é uma discussão relevante e necessária. A habilidade de Nimona para assumir diferentes formas é uma metáfora potente para a importância de reconhecer e celebrar a individualidade. O filme proporciona uma oportunidade valiosa para ensinar às crianças que as diferenças são naturais e que todos merecem ser amados e aceitos como são.
O longa-metragem oferece um rico terreno para o diálogo sobre tópicos essenciais com os mais jovens, mantendo-se fiel à ludicidade e à alegria características da infância. Recomenda-se que os pais assistam ao filme previamente, preparando-se para as inevitáveis perguntas dos filhos e para dialogar sobre os temas com amor e respeito, respeitando o próprio limite e conforto no aprofundamento dessas questões.
Considerando que a classificação indicativa do filme é de 10 anos, e que nesta idade já se inicia a educação sobre reprodução humana conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o conteúdo é apropriado e, se abordado de forma construtiva, pode ser uma ferramenta educacional valiosa para pais e filhos.