O Diabo no Tribunal
Por meio de reconstituições e gravações caseiras, este documentário sombrio investiga a suposta possessão de um garoto e um subsequente assassinato brutal.
Análise de “O Diabo no Tribunal”
“O Diabo no Tribunal”, a mais recente adição ao catálogo da Netflix, tinha tudo para ser um divisor de águas no saturado gênero de filmes sobre exorcismos. No entanto, o que se revela é uma oportunidade perdida, uma narrativa que hesita em cruzar a fronteira entre o seguro e o verdadeiramente revelador.
Dirigido e roteirizado por Chris Holt, o documentário propõe-se a desvendar um caso notório associado a Ed e Lorraine Warren, focando em um jovem possuído que comete um assassinato e alega amnésia. Com uma duração modesta de pouco mais de uma hora e vinte minutos, o filme inicia promissoramente, estabelecendo o cenário e apresentando os personagens-chave. No entanto, essa promessa inicial rapidamente dá lugar a um sentimento de déjà vu.
O documentário, embora brevemente, desafia a narrativa tradicional, questionando a veracidade do caso e a autenticidade das ações de Ed e Lorraine Warren. No entanto, esta abordagem crítica surge tardiamente e é abruptamente abandonada, deixando um sentimento de insatisfação. O filme, no auge de sua crítica e análise, parece recuar, optando por uma conclusão prematura e evasiva.
A maior falha de “O Diabo no Tribunal” é não perceber o potencial de sua própria história. Em vez de se aprofundar nas sombras de dúvida que cercam o exorcismo e a figura de Ed e Lorraine Warren, o documentário permanece superficial, quase temeroso de abraçar plenamente a controvérsia e o ceticismo que poderiam ter tornado a obra memorável.
Holt, em sua abordagem, perde a chance de explorar como o exorcismo pode ser manipulado por oportunistas, um tema que, se bem desenvolvido, poderia ter adicionado uma camada de complexidade e relevância ao filme. Em vez disso, o documentário se agarra ao familiar, hesitante em desafiar as noções preconcebidas do público sobre o tema.
Em resumo, “O Diabo no Tribunal” é um exemplo de um filme que se contenta com o medíocre, temendo ir além do convencional. Apesar de seu início promissor e de breves momentos de questionamento crítico, o filme se retrai, deixando o espectador com uma sensação de frustração e de potencial desperdiçado.