O Monstro que vive em Mim
Análise de “O Monstro que vive em Mim” com Estrelas de Hollywood
Ao assistir “Appendage”, a sensação que fica é a de um projeto que se perdeu no caminho. Lembro-me do burburinho online quando foi lançado o curta de terror em 2021 com Rachel Sennott, e a expectativa era alta quando soube que ele seria transformado em um longa, agora disponível no Star+. No entanto, a ausência de Sennott deixou um vazio.
No começo, o filme parece beber das fontes de “Malignant” e “Basket Case”, e a ideia central tinha um grande potencial. Porém, ao longo do desenvolvimento, ele oscila entre terror psicológico e body horror, para depois abandonar ambos em favor de uma reviravolta que mais confunde do que surpreende. O resultado lembra uma colcha de retalhos, como se diferentes visões tivessem sido justapostas sem uma ligação verdadeira.
Entretanto, nem tudo é negativo. Há momentos genuínos de terror, e a diretora Anna Zlokovic demonstra habilidade em criar cenas de desconforto. A representação do monstro é intrigante e poderia ter dado um tom mais divertido e camp ao filme, se explorada de maneira adequada.
No entanto, o drama forçado e a falta de desenvolvimento de personagens colocam o filme em uma posição difícil. Tentativas de dar profundidade aos coadjuvantes se mostram aleatórias e sem verdadeiro propósito. Ao tentar ser mais do que um filme de terror e falhar em seu lado dramático, o filme perde sua identidade.
Além disso, a tentativa de usar monstros como metáforas para eventos traumáticos não é novidade no gênero de horror. Grandes obras, como “Babadook” e “The Haunting of Hill House”, já exploraram isso de forma magistral. Em “Appendage”, a sensação é que a metáfora foi utilizada de forma superficial, quase como uma tentativa de elevação sem real entendimento.
O desfecho, com diálogos expositivos e reviravoltas que mais confundem do que esclarecem, apenas aumenta a sensação de que o filme se afastou de sua premissa original. Acreditava-se que havia um grande filme no meio de tantas ideias, mas o que foi apresentado não atingiu esse potencial. Talvez, em mãos diferentes ou com uma visão mais focada, o conceito possa ser melhor explorado no futuro. Por enquanto, ficamos com a sensação de uma oportunidade perdida.