O Pequeno Roubo do Grande Nunu
Um ex-soldado acaba entrando para a gangue de um chefão do crime. Agora, ele faz parte de um plano para realizar um assalto ousado na África do Sul.
Análise de “O Pequeno Roubo do Grande Nunu”
Desde o início de “O Pequeno Roubo do Grande Nunu”, a economia orçamentária da produção salta aos olhos. No entanto, essa limitação não detém o filme, que se apóia em um roteiro bem articulado e ciente de seus recursos modestos. Filmado em um número reduzido de locais, o enredo desdobra uma micro-revolução em Sgodiphola, uma região operária na África do Sul, refletindo realidades comuns a diversos países em desenvolvimento. A fusão de ação e comédia surge surpreendentemente bem-sucedida.
Percebe-se que Andy Kasrils, estreante na direção de longas-metragens, buscou inspiração na icônica parceria cinematográfica dos anos 90 de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez. Kasrils entende que não é necessário um cenário grandioso para que um levante popular seja eficaz. Ele narra de forma comedida, mas envolvente, a saga do “Entregador” (Jefferson Tshabalala), um ex-militar cuja vida é virada de cabeça para baixo ao ser roubado por acólitos de Puntsununu (Tony Miyambo), um criminoso de pequena monta. Ao tentar recuperar seu fogão industrial roubado, o “Entregador” demonstra sua impressionante habilidade com armas, o que o leva a ser recrutado pelo gângster para uma missão que promete melhorar a sua condição econômica e a da comunidade local.
O jogo de Kasrils entre o crime e a consciência social é habilidoso, gerando uma empatia natural pelo espectador. À medida que a narrativa se desenrola, os personagens, com suas personalidades distintas e muitas vezes arquetípicas, ganham nossa compreensão e simpatia através de sua jornada e do humor inteligente, frequentemente comunicado de forma não verbal.
O filme realmente brilha nas sequências de ação. Enquanto outros recorrem a técnicas de edição para enfatizar a violência, Kasrils opta pela autenticidade dos movimentos e uma precisão na geografia das cenas, criando um impacto maior pela ausência de cortes desnecessários, aumentando a sensação de realidade. Isso fica evidente na cena do roubo inicial, quando o “Entregador”, cercado por policiais, orquestra uma fuga espetacular com explosões. A adição de peças clássicas de grandes compositores europeus como trilha sonora das cenas de ação adiciona uma camada de ironia e eleva a atmosfera energética das sequências.