Oppenheimer
Escrever sobre “Oppenheimer” (2023), dirigido pelo aclamado Christopher Nolan, é uma tarefa complexa. O filme, altamente antecipado, mergulha na biografia de J. Robert Oppenheimer, a mente por trás do desenvolvimento da primeira bomba atômica, e nos apresenta não só o contexto histórico da Segunda Guerra Mundial, mas também a vida íntima e os dilemas morais do protagonista.
O roteiro do filme é impecável. Com uma duração que ultrapassa as três horas, algumas opiniões apontam para uma experiência exaustiva. Pessoalmente, entretanto, considero que cada cena adiciona camadas essenciais à narrativa e à profundidade psicológica de Oppenheimer, cuja jornada evolui de um apoiador do projeto da Bomba A a um homem atormentado pelo remorso diante das consequências de sua invenção.
No que tange ao aspecto visual e à cinematografia, o filme destaca-se pela escolha artística de alternar entre cores vibrantes e o monocromático. Nolan esclarece que esse contraste representa a mudança entre uma perspectiva objetiva e uma subjetiva. Apesar da intenção clara, admito que em alguns momentos a técnica causou confusão.
A trilha sonora é outro ponto forte, com composições orquestrais que emergem nos momentos cruciais para amplificar as emoções em cena.
Quanto ao elenco, os personagens são consistentemente bem desenvolvidos, ainda que alguns tenham sido subaproveitados. Oppenheimer, em particular, é retratado de forma fascinante: um homem enigmático, cuja jornada de orgulho a um profundo tormento pela criação de uma arma tão destrutiva é capturada com maestria.
A cena do teste da bomba, um dos momentos mais intensos do filme, é pessoalmente a minha favorita — e agora, um spoiler: o suspense dos 45 segundos que precedem a detonação é substituído por um silêncio profundo de cinco minutos, realçado por imagens arrebatadoras da explosão. Quando o estrondo finalmente ocorre, é quase uma catarse, acentuada pela citação de Oppenheimer do texto hindu, marcando a cena como uma das mais poderosas do cinema moderno.
Em suma, “Oppenheimer” é uma obra-prima que já ocupa seu lugar como um clássico contemporâneo. Todos os elementos citados se combinam para criar um resultado transcendental e oferecer uma experiência cinematográfica que representa o verdadeiro significado da arte do cinema.