Paint
Carl Nargle, o pintor da televisão pública n.º 1 de Vermont, está convencido de que tem tudo, uma van personalizada e seguidores pendurados em todas as suas fotos até que um artista mais jovem e melhor rouba tudo o que Carl ama.
Análise de “Paint”
A expectativa gerada pelo trailer deste filme era alta, e confesso que a realidade não desapontou. O filme em questão é uma cápsula do tempo que nos remete aos dias gloriosos das comédias clássicas, um refresco diante das tentativas contemporâneas que muitas vezes falham em recapturar a essência desse estilo. Contudo, é possível que o termo “dias gloriosos” possa ser um exagero considerável, uma vez que o longa se desenrola com uma suavidade que raramente perturba.
No entanto, essa suavidade não foi capaz de esconder as falhas de ritmo, notadamente no segundo ato, que parecia perder sua bússola narrativa. Mas tal percalço foi parcialmente redimido pela transição para o terceiro ato, que teceu os elementos dispersos dos atos precedentes em um desfecho que resgatou a coesão e o propósito da história. É digno de nota o modo como o filme tecelou referências culturais, enriquecendo a trama com embates estilísticos reminiscentes de Picasso e Basquiat, além de piscadelas para Banksy e um Bob Ross inconfundivelmente parodiado.
No entanto, o filme oscila precariamente para o sentimental, mergulhando em um melodrama romântico que teria beneficiado de uma premissa mais explícita desde o início. A narrativa opera de forma semelhante à de um loop temporal, onde a ruptura da monotonia leva o protagonista a um caminho de autodescoberta e evolução, uma abordagem reminiscente do desenlace emocional que muitos comediantes reservam para o final de seus espetáculos.