The Flash
Acompanhe as aventuras do homem mais veloz do planeta, o cientista da Central City Police Barry Allen, que após um trágico acidente adquire o poder da velocidade.
Análise de “The Flash”
“The Flash” chega aos cinemas carregando o legado de um gênero saturado de viagens no tempo e multiversos, pronto para avançar ao próximo capítulo da física quântica no cinema. Utilizando espaguetes como metáfora, o filme esmiúça de maneira criativa a complexidade do tempo, não mais como uma entidade linear, mas como uma trama intricada, onde mudanças afetam passado e futuro simultaneamente — uma lição que faria o clássico “De Volta para o Futuro” repensar sua abordagem ao Paradoxo do Avô.
Contudo, a jornada pela ciência em “The Flash” transcende a exposição didática, transformando-se em uma peça de metalinguagem com o seu humor característico, que não hesita em convergir para um clímax humorístico, tão apetitoso quanto o prato de massa que é tragicomicamente consumido em cena. O filme, dessa maneira, não apenas entrega informação, mas também engaja o público numa experiência cinematográfica que é ao mesmo tempo instrutiva e divertida.
O segundo ato, com Ezra Miller interpretando duas versões de Barry Allen, é uma viagem caótica e deliciosamente confusa que remete à genialidade de cineastas como Billy Wilder e Sam Raimi. Miller abraça a essência caricatural do super-herói com uma performance que lembra o pioneirismo de Robert Downey Jr. no MCU, onde o exagero e o cartunesco são elevados a uma forma de arte performática.
“The Flash” constrói seu universo sobre um fundamento de humor, diferentemente do MCU, onde o riso muitas vezes serve como um alívio momentâneo em meio ao drama. Aqui, a comédia é vital, uma ferramenta narrativa que fomenta tanto a trama quanto o desenvolvimento dos personagens. Em meio ao luto e a busca pela infância perdida, o filme explora a profundidade emocional de seu herói, olhando para a inocência como um elemento essencial que foi usurpado, não como sinônimo de imaturidade, como faz “Shazam!”.
“The Flash” assume uma missão de resgate, não apenas de personagens icônicos como os de Tim Burton, mas do próprio senso de maravilha e do extraordinário nas narrativas de super-heróis — um antídoto contra o cinismo que tem permeado o gênero. Com uma veia cartunesca que se estende desde as performances até as soluções visuais, o filme presta homenagem a gigantes como George Pérez e propõe, audaciosamente, uma nova visão para um gênero em busca de renovação e significado.