Uma Aula de Harmonia
Um boxeador problemático vai morar com a mãe e o irmão autista, mas precisa se encaixar em uma família com a qual não convive há anos.
Análise de “Uma Aula de Harmonia”
“Uma Aula de Harmonia” traz consigo uma história familiar, onde os laços de parentesco e adversidade convergem em um amálgama de emoções. O enredo nos apresenta a um boxeador problemático, recluso de seu passado familiar, que ao retornar, precisa compreender e integrar-se em um ambiente que envolve um irmão autista com uma paixão pela música clássica.
Embora a trama possa parecer um caleidoscópio de clichês e fórmulas previsíveis – um boxeador rebelde, uma mãe solteira em apuros, um jovem talentoso com autismo, e um laço frágil tentando se fortalecer – a execução é o que realmente torna este filme único. Dolly De Leon, conhecida por seu trabalho em “Triângulo da Tristeza”, encarna a mãe esgotada com uma convicção que torna impossível não sentir empatia. Já Elijah Canlas, interpretando o jovem Jayjay, nos brinda com uma performance notável, trazendo nuances e peculiaridades ao seu personagem que captam o coração do público.
Entretanto, a película falha ao abordar a relação entre os irmãos. A profundidade emocional que deveria existir entre Joma, interpretado por Zanjoe Marudo, e Jayjay parece ofuscada pela tentativa de ajustar-se a tropos familiares do gênero. Em vez de mergulhar nas sutilezas de seu relacionamento, o filme se apressa em marcar pontos da trama, privando-nos de momentos autênticos entre eles.
Os momentos mais lembrados, para mim, ocorrem quando a trama se permite respirar, como nas interações entre Sylvia e Joma, que são carregadas de emoção genuína. Entretanto, o filme também se perde em seus próprios desvios, como as interações deslocadas entre Joma e a prodígio do piano, Annette, e subtramas que não agregam à narrativa principal.
“Uma Aula de Harmonia”, em sua essência, poderia ter sido uma obra marcante sobre relações familiares, superação e a beleza da música. Porém, ele não consegue superar sua própria formulaicidade, tornando-se mais um título em um catálogo de dramas familiares. Ainda assim, recomendaria para aqueles que buscam um entretenimento suave, contanto que mantenham as expectativas em cheque. No fim das contas, é uma experiência cinematográfica que oferece momentos de ternura, embora se perca em sua própria tentativa de ser memorável.