Colheita Sombria
Em uma cidadezinha rural, um ritual mortal acontece todos os anos quando um pesadelo chamado Jack Dentes de Serra se ergue do milharal e desafia os jovens locais a luta sangrenta por sobrevivência.
Análise de “colheita sombria”
Após assistir “Colheita Sombria” (ou “Dark Harvest”), baseado no romance de 2006 de Norman Partridge, é inegável que a obra tem seus momentos de brilhantismo. O filme se lança de forma destemida, apresentando um prólogo sanguinolento que nos prepara para uma jornada inusitada, com um espantalho assassino e uma narração sulista que dita um tom audazmente irônico.
Entretanto, é nesta audácia que reside sua principal falha: o desequilíbrio entre a sátira e a lógica narrativa. Em uma premissa que se centra em adolescentes forçados a caçar uma criatura anualmente, o filme patina ao não abordar lacunas evidentes na trama, resultando em um terror que perde parte de sua mordida.
A trama se passa nos anos 60 e evoca ecos de “A Loteria” de Shirley Jackson, com uma competição bizarra chamada “The Run”. Nesse evento, adolescentes são lançados em uma caçada anual ao monstro “Sawtooth Jack”, prometendo prosperidade à cidade e recompensas materiais ao vencedor. Através da perspectiva de Richie Shepard, buscamos entender o passado e as motivações obscuras que cercam essa tradição.
Enquanto as reviravoltas são previsíveis para os entusiastas do gênero, o filme tem seus méritos, principalmente na atuação de Casey Likes como Richie. No entanto, como uma crítica à idiossincrasia das pequenas cidades americanas e suas tradições, “Colheita Sombria” deixa a desejar. Suas tentativas de sátira se perdem em caricaturas exageradas e falta de detalhamento do cenário central.
Sob a direção de David Slade, cujas obras anteriores incluem “Doce Duro” e “30 Dias de Noite”, esperava-se mais profundidade. Slade, com sua expertise em séries aclamadas, apresenta visuais impressionantes, mas isso não basta para camuflar as falhas do roteiro. Em última análise, “Colheita Sombria” é uma experiência visualmente rica, porém narrativamente superficial, que deixa o espectador ansiando por uma colheita mais substancial.