Após um terremoto transformar Seul em uma terra sem lei, um caçador decide resgatar uma adolescente sequestrada por um médico insano.

Análise de “Em Ruínas”

“Em Ruínas” emerge como um filme vibrante e envolvente, situado em uma Seul pós-apocalíptica, transformada em uma zona de anarquia após um devastador terremoto. O enredo se centra em um caçador determinado a resgatar uma adolescente das garras de um médico com métodos questionáveis, mergulhando o espectador em uma narrativa cheia de tensão e dilemas morais.

A abertura impactante do filme nos apresenta a um médico que, desesperado para salvar sua filha aparentemente sem vida, recorre a medidas extremas, sacrificando centenas de jovens em busca de uma fórmula milagrosa. Sua jornada ética questionável é interrompida por uma catástrofe natural, lançando a sociedade em um turbilhão de desespero e sobrevivência.

Três anos após o terremoto, o filme retrata a adaptação humana às novas condições de vida, em um mundo onde a escassez de água e alimentos redefine as noções de valor e comunidade. A troca de bens essenciais por roupas e alimentos ilustra a regressão a formas primitivas de comércio, num cenário onde o dinheiro perdeu seu significado.

A descoberta de um apartamento intocado pelo desastre, prometendo um refúgio para os selecionados, introduz um novo elemento de esperança e desespero. No entanto, essa utopia revela-se um véu para as experimentações sombrias de um médico infame, ansioso por desvendar os segredos da ressurreição.

“Em Ruínas” encontra paralelos com “Concrete Utopia” (2023), sugerindo uma continuidade temática na exploração das consequências de desastres globais e da capacidade humana de adaptação. A inclusão de personagens como Nam-san e Ji-wan, caçadores de crocodilos, adiciona uma camada de complexidade à luta pela sobrevivência, enquanto destaca o instinto protetor de Nam-san por aqueles que lhe são próximos.

Ma Dong-seok brilha no papel principal, trazendo uma combinação convincente de força e sensibilidade, enquanto Lee Jun-young oferece uma performance memorável, equilibrando inocência com habilidade. A atuação de Roh Jeong-eui, embora competente, não se destaca como única em seu repertório.

“Em Ruínas” é mais do que um filme de ação; é um estudo sobre a condição humana em tempos de crise. A história não foca apenas na sobrevivência, mas também reflete sobre a dualidade da natureza humana, onde a empatia e a crueldade se entrelaçam. O personagem do Dr. Yang Gi-su serve como um lembrete sombrio de que, mesmo nas intenções mais puras, podem residir monstros à espreita.

Este thriller distópico é uma adição valiosa ao crescente catálogo de cinema coreano, oferecendo não apenas entretenimento de qualidade, mas também provocando reflexões profundas sobre a sociedade, ética e a eterna luta pela sobrevivência. “Em Ruínas” promete ser uma experiência cativante para todos os fãs do gênero, reforçando a reputação da Coreia do Sul como uma potência na produção de filmes que desafiam e engajam o público global.