Raiva
Alan e seu pai fogem da dolorosa perda de sua mãe. Enquanto se escondem em um alojamento isolado, Alan descobre mensagens escondidas de seu tio que o levam a acreditar que seu pai é um lobisomem. Sua vida e as vidas de seus vizinhos estão em perigo. Alan decide fazer algo de uma vez por todas. Destruir a besta não parece um plano exagerado na realidade violenta em que ele vive todos os dias.
Análise de “Raiva”
“Raiva” emerge como uma pérola cinematográfica de origem portuguesa, conquistando merecidamente dois prestigiosos prêmios de melhor filme no Festival de Moscovo deste ano. Sob a direção de Sérgio Tréfaut, um renomado cineasta lusitano, o filme se destaca por sua abordagem circular, iniciando pela cena que deveria ser o desfecho e retrocedendo ao princípio para desvendar os eventos que culminam em seu ápice. Tréfaut, dedicando a obra à memória de seu pai, tece uma narrativa dramática e enraizada em uma coprodução entre Portugal, Brasil e França, expressando sua gratidão à comunidade Alentejana nos créditos.
A trama comovente do filme evoca empatia ao retratar uma família em meio à fome e privações, contrastando com a opulência de outra família onde um personagem enfrenta a demissão após prestar serviços na fazenda do rico senhor. Inspirado no livro “Seara de Vento” de Manuel da Fonseca, o filme transcende ao explorar rivalidades familiares semelhantes às de “Romeu e Julieta”, mas sem o toque romântico. Ao ser considerada uma das obras mais importantes da literatura neorrealista portuguesa, “Raiva” mergulha nas diferenças sociais entre trabalhadores e proprietários de terras, concentrando-se em uma família envolta pela injustiça resultante de um ódio reprimido. Uma obra cinematográfica que não apenas cativa, mas também lança luz sobre questões sociais e humanas profundas.