Um Dia e Meio
Desesperado para rever a filha, um homem armado invade um centro médico e sequestra a ex-mulher que trabalha lá.
Análise de “Um Dia e Meio”
“Quando o Desespero Abre a Porta”, uma obra cinematográfica sueca comandada pela visão multifacetada de Fares Fares — que atua não apenas como protagonista, mas também como escritor e diretor —, é um estudo tenso e carregado de emoção sobre a condição humana em seus momentos mais críticos. O filme, intitulado “Um Dia e Meio” na versão original, arrasta o espectador para o vórtice de uma crise familiar aguda que se transforma em um cenário de sequestro, ao mesmo tempo em que destila temas contemporâneos de xenofobia e o mal-estar do imigrante.
A narrativa se desenrola através dos olhos de Lukas (interpretado pelo próprio Fares), um policial que se vê na linha de frente de uma crise em escalada, navegando por um terreno repleto de tensão e imprevisibilidade. A performance de Fares é uma âncora emocional, uma presença que transmite a seriedade e a urgência do que está em jogo.
Por outro lado, temos Alexej Manvelov no papel de Artan, um homem atormentado pelo seu recém desmoronamento matrimonial, cujas ações extremas deflagram a crise central do filme. Manvelov entrega uma atuação que é ao mesmo tempo perturbadora e compreensível, uma representação de alguém à beira do abismo. Alma Pöysti, como Louise, a esposa e refém, complementa esse duo central com uma atuação que é tanto vulnerável quanto resiliente.
O filme habilmente mantém uma tensão crescente, com uma narrativa que vai se desdobrando lentamente ao longo de seus 94 minutos, revelando as camadas complexas e muitas vezes perturbadoras por trás das ações de Artan. Fares Fares, tanto atrás quanto na frente da câmera, comanda uma história que é visceral e contemplativa, oferecendo um retrato íntimo e brutal da angústia pessoal, enquanto reflete as maiores ansiedades sociopolíticas da Suécia contemporânea.
“Um Dia e Meio” é um filme que não permite desvio de atenção, capturando o espectador com a gravidade de suas circunstâncias e a humanidade de seus personagens. É um mergulho na escuridão do desespero humano que, no entanto, deixa espaço para a empatia em meio ao caos.